sábado, 20 de maio de 2017

Em resposta a uma mensagem que recebi hoje

(Aqui no fim da gravidez do Vicente)

Olá! Antes de mais, obrigada! 
Se por um lado fico super feliz de poder ajudar, sendo um conforto para alguém que passou pelo mesmo (afinal era esse o objetivo quando criei o blog), por outro fico triste que não o tenhas descoberto mais cedo, pois podia ter sido um apoio enquanto passavas por tudo.
Também senti o bebé mexer um dia antes e isso é das coisas que me vão marcar para sempre... 
Perder um bebé é sempre uma dor imensa, mas "perdê-lo" ainda vivo é de uma crueldade incrível... 
Estar a fazer uma ecografia sem olhar para não amar ainda mais o bebé que ali estava, que dentro de horas não estaria, e ouvir uma paciente ao lado a perguntar se o processo para se livrar do bebé que carregava na barriga demorava muito, como se de um par de sapatos se tratasse... A cara da médica a olhar para mim, a desculpar-se por alguém que não merecia desculpa... 
Ou estar na sala de partos a passar por tudo aquilo e ouvir um bebé a chorar acabado de nascer... São mágoas que não tem explicação. Mas também o amor, a felicidade e a gratidão de ouvir dois filhos chorarem pela primeira vez, ver aquele olhar e tê-los no meu peito são emoções imensas e que confortam este coração de mãe! Também penso o mesmo, também tenho uma tentação a arrepender-me de ter tomado tal decisão. Mas sempre que penso nisso afasto o pensamento. Nós não o decidimos, a vida decidiu por nós porque nada havia a fazer e não nos podemos culpar por isso! Eu acredito em Deus e acho que ele traça para nós um caminho que nos vai ensinar qualquer coisa e todo esse processo me ensinou muito. 
Não sou mais ou melhor que ninguém, mas não tenho qualquer dúvida que sou melhor mulher e melhor mãe do que teria sido se não tivesse passado por isso. 
A dor ensina-nos muita coisa!
É "engraçado" que as nossas filhas tenham herdado a nossa translocação e não tenham sido filhos. Não sei bem porque, mas acredito que isso signifique qualquer coisa...
Pensei muito se queria engravidar podendo colocar esse peso num dos meus filhos. 
Mas para já não quero pensar muito sobre isso. Quero acreditar que quando a Clara quiser ser mãe a ciência tenha evoluído o suficiente para que seja mais fácil para ela. Também espero que ela nunca me "culpe" por essa batalha...
A vida continua! 
Vamos amar os nosso filhos e agradecer todos os dias por termos sido abençoadas ao tê-los! 
Um grande beijinho!
;o)

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