sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O início da nossa história

No ano passado, mais ou menos por esta altura, descobri que estava grávida: que surpresa tão grande! Foi aquele misto de emoções: euforia, medo, ansiedade, dúvidas, mas uma enorme felicidade juntando tudo isso. Sentia o relógio biológico a "dar horas" mas, talvez por não ser uma gravidez planeada, sentia muitos receios e o maior deles era o de não estar preparada. Enfim, era uma alegria muito grande para nós e para toda a família que iria receber o primeiro neto, sobrinho, etc...
Lembro de ir muito receosa para todos os exames, mas acho que é normal na primeira gravidez, e estava sempre tudo bem.
Na cenografia das 12 semanas, onde é medida a translucência da nuca, um marcador que indica a saúde fetal, a ecografista dá-nós a má notícia de que havia uma hidrópsia fetal. .?!?? O que é isso? Bom, de forma simples, para que fossemos capazes de compreender, os bebés têm uma pequena quantidade de líquido na nuca e o nosso bebé tinha mais do dobro da quantidade considerada aceitável, bem como líquido na coluna e na barriguinha. Pelo tom grave da médica, entendemos desde logo que aquilo não podia ser bom sinal e que de alguma coisa bastante complicada se tratava... Mas o que seria? Que pânico absoluto se instala dentro de nós!!!
Perguntamos o que fazer e as opções eram aguardar até as 16 semanas e fazer a amniocentese ou fazer uma biopsia das vilosidades coreónicas (algo que não fazia ideia do que seria), que podia ser feita logo. Claro que não esperaria, por nós teria sido feita naquele minuto! Mas não foi possível e tivemos de esperar até ao dia seguinte... Logo depois da ecografista, fomos à obstetra, que nos disse claramente para não termos esperanças, que, com aquele exame, só mesmo por um milagre...
O que sentimos ao longo dessa noite? Impensável e indescritível!
Logo no dia seguinte voltamos à clínica para fazer a biopsia. Para quando resultados? Dentro de 3/5 dias teríamos o resultado sobre as trissomias (13, 18 e 21) e dentro de 10/15 dias teríamos os restantes resultados... Uma eternidade, não é!?? Estávamos a aguardar resultados sobre problemas sobre os quais nunca ouvido falar, não tinha a menos ideia do que seria nada disso, tirando a trissomia 21, mais conhecida de todos nós.
Como se vivem estes dias de espera...???
Em menos de 3 dias soubemos que das trissomias estávamos livres! Que bom, podíamos continuar a acreditar em milagres! Mas se disso não se tratasse, seria um problema bem maior... A única coisa de que nos haviam falado eram possíveis problemas cardíacos graves, algo já bastante assustador! Menos de uma semana depois, ligam-me novamente a informar que havia um problema genético com o bebé, mas que queriam fazer o nosso cariótipo para perceberem se era um problema só do bebé ou se o tinha herdado de um de nós, mas nada de nos dizerem, afinal, o que se passava...
Logo no dia seguinte, fomos à clínica e aí foi-nos dito pela geneticista que o problema era bastante grave e que não valia a pena termos esperanças, apenas aguardavam os nossos resultados para nos darem o diagnóstico com uma noção de como seria o nosso futuro para a nova tentativa de sermos pais...
Continuamos a aguardar esses resultados, mas já alinhavado com a minha ecografista, a obstetra estava de férias, fora do país, para assim que o resultado chegasse eu desse entrada no hospital para a interrupção (em nada) voluntária da gravidez...
O resultado chegou poucos dias depois: o bebé tinha monossomia do cromossoma 5 e trissomia do cromossoma 4, não sendo compatível com uma gravidez de termo...!!! O pai tem um cariótipo perfeitamente normal, mas a mãe tem uma translocação equilibrada, o que pode levar a gravidezes com esse tipo de problemas ou abortos de repetição, sendo aconselhado o diagnóstico prenatal em seguintes gravidezes...
E assim começa a nossa luta!

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