quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Conjugar o verbo no presente

Como eu e o meu marido estamos juntos há muitos, muitos anos, os mais variados assuntos foram abordados ao longo do tempo. E se eu não puder ter filhos? E se tu não puderes ter filhos? E o que achas da adoção? Queremos adotar mesmo podendo ter filhos? Enfim, falamos um pouco de todos esses assuntos ao longo dos anos, mas é claro que com a proteção da distância e superficialidade de quem "sabe" que não passa de uma mera e vaga hipótese...
De qualquer forma, e independentemente de tudo, mesmo se tivéssemos discutido essas hipóteses com a verdadeira ideia da importância dos mesmos, o cenário muda de figura quando o assunto é real! Assim que sabemos que o nosso bebé tem um problema grave e aquela gravidez, a primeira,  tão desejada, tão sonhada, mesmo que não programada, já tão amada, não poderá seguir a diante, que, para além disso, o que causa esse problema é algo que nós temos e que pode causar isso ao nosso filho e, como cereja no topo do bolo, ainda sabemos que todas as futuras gravidezes terão esse peso e essa dificuldade e não sabemos quantas vezes teremos de passar por isso, quando e se poderemos ter a benção de uma gravidez saudável e tranquila, sentimos-nos indescritivelmente pequeninos...
Cheguei a conversar sobre isso com a psicóloga e sei que é aceitável que tenha pensamentos e sentimentos que me diminuam. Imagino que todos(as) nós que passamos por esta situação nos sentimos um pouco assim. O que acontece é que não me permito sentir assim! Assim que recebi a notícia, todos esses sentimentos tomaram conta de mim e, logo de seguida, pensei: não tenho culpa! Não tenho culpa da nada! Não é algo que tenha feito de errado, não é algo que eu tenha escolhido, nem nada que possa modificar em mim. Do que me vale sentir-me dessa forma? Antes pelo contrário, só me vai colocar para baixo, tirar-me força e vontade de lutar para vencer. A minha mãe e a vida me ensinaram que tudo o que nos acontece é por alguma razão, por mais que não saibamos no momento, ou nunca, o porque. Temos de aprender a aceitar aquilo que Deus, o Destino ou a Vida nos dão. Porque se nos aconteceu é porque é um fardo que podemos suportar. Dessa forma, o que nos acontece é suposto que assim seja, temos é sempre a escolha de como lidamos com isso, se baixamos os braços ou se seguimos em frente! Essa palavra, ACEITAR, persegue-me porque o verbo não é fácil, não é simples de conjugar. É uma luta constante, é vencer a dor, é vencer a vontade de me deitar e deixar levar pelo choro, é vencer o desespero, é vencer a inércia, levantar e lutar, cheia de vontade de vencer!
Mas é aí que entra a nossa liberdade, é aí que entra a nossa força de vontade. Porque ser alguém não é  vencer na carreira, ser rico ou famoso, ser alguém é fazer das nossa derrotas ou contratempos força para lutar  até ao fim e vencer! Não me permito ser a coitadinha, não me permito ser derrotada, permito-me chorar e sofrer quando preciso, mas não me permito baixar os braços e deixar que os meus próprios sentimentos me derrotem!
FORÇA!!!


2 comentários:

  1. Através do instagram, aqui cheguei! E antes de mais é com orgulho que leio os teus posta! Fico feliz por ti... Pela capacidade que tens em te libertares dos " pesos" da vida! Muito sinceramente, no que me diz respeito, a minha grande dificuldade tem sido em Aceitar! E aí, dou-te os parabéns! Nem sempre é fácil aceitar-nos,a nós, e aos outros! Defeitos,qualidades,acasos...enfim!

    ResponderEliminar
  2. Olá! em primeiro lugar, obrigada! Não sei aquilo que não tem conseguido aceitar, se terá passado pelo mesmo ou algo semelhante mas, de uma forma genérica, sim, aceitar aquilo que a vida nos dá nem sempre é fácil mesmo. Mas acredito que seja esse o melhor caminho! Porque, seja aquilo que for, só podemos enfrentar os problemas quando os aceitamos, temos de encarar a vida de frente e não baixar os braços. Sei que não é fácil, que é um caminho com altos e baixos e que os obstáculos por vezes são demasiado duros. Mas certamente que há uma luz ao fundo do túnel e coisas boas a que nos agarrarmos para seguirmos caminho. Da minha parte, posso dizer que aqui estou para ajudar no que precisar e for possível. Mais não seja partilhando as minhas experiências. Um beijinho. ;o)

    ResponderEliminar

Obrigada pelo seu comentário!