segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Este foi o post que publiquei no meu facebook uns dias depois de termosperdido o nosso primeiro filho...

Balanço de 2013:

Este foi, sem dúvida, uma ano tremendamente marcante; nunca senti que um ano tivesse passado tão rápido...
Completei 30 anos e isso é, claramente, um marco demasiado importante e é sempre uma data para balanços e avaliações. Para além disso, a nível pessoal, foi um ano de consolidação, de certezas, de solidificar e ser feliz! Ao amor da minha vida, ao longo destes quase 15 anos, devo muito, mas o que mais lhe agradeço é o fato de me amar e me aceitar como e porque assim sou, o que me ensinou a fazer o mesmo, a me conhecer e gostar de quem vou conhecendo, de aceitar a pessoa que sou e tentar, a cada dia, ser uma pessoa melhor, moldando-me naquilo que descubro que menos gosto.
Já  no 3º trimestre do ano, tivemos a maior e mais maravilhosa notícia das nossas vidas... A nossa vida muda por completo desde o momento que vemos "positivo" no teste. É uma explosão de emoções: rir e chorar ao mesmo tempo. É uma alegria imensa, misturada com a maior surpresa das nossas vidas e o medo de não estarmos à altura do maior papel das nossas vidas e de tamanha dádiva... Cada dia parece uma semana e cada semana um mês. Tantas dúvidas, tantas alegrias, tantos medos, mas com uma única certeza: um amor imenso que cresce dentro de nós!
É inexplicável a sensação de ter uma outra vida a crescer dentro de nós! Tudo muda porque já não somos só nós, somos responsáveis por alguém que está a ser gerado no nosso ventre e que será o centro do nosso mundo desde esse dia até ao último das nossas vidas. Caramba! É avassalador!!!
Esta foi, inequivocamente, a ,maior felicidade da minha vida mas, logo de seguida, veio a maior tristeza pela qual já passámos (e espero que a maior que possamos passar) ao longo das nossas vidas...
Às 12 semanas e 1 dia (para uma grávida, entenda-se o equivalente a 12 meses e 1 semana de emoções), descobrimos que algo não estava bem com o nosso bebé. Passamos por exames complicados e ficamos a aguardar os resultados, com uma enorme ansiedade, um terrível medo e uma inabalável fé! Às 14 semanas e 3 dias vem a notícia... É mesmo verdade, teríamos de nos despedir do nosso bebé. O nosso bebé que é um menino, que tinha um coração a bater, bracinhos e perninhas que mexiam, um narizinho que já se notava arrebitado, uma mãe e um pai que o amavam profundamente, que era o primeiro sobrinho de seus tios e tias, o primeiro neto de 4 avós babados e cheios de amor para dar, o único bisneto da Vovó, tal como a mãe é a única neta...
Não vos sei, nem posso, explicar o que se sente; é inexplicável! Essas quase 3 semanas foram de uma ansiedade e um sofrimento imensos, mas a esperança ainda existia e, só assim, se consegue viver dia após dia, levantar da cama, ir trabalhar e tentar ter um sorriso nos lábios para aqueles que lidam conosco todos os dias. Quando a notícia chega, e a esperança acaba, aguentei até ao último minuto, com a cabeça erguida, sem saber muito bem o que pensar, mas tentando não desabar porque, para além da minha dor, há o pai, o meu companheiro da vida, bem como todas as outras pessoas que estão à nossa volta, que, para além de também sofrerem muito com essa perda, ainda sofrem por ver alguém que tanto amam, eu, a passar por tudo isso. É por eles, principalmente pelo nosso marido, que se tenta sorrir, que se levanta da cama, que não se baixa a cabeça. Afinal, se não fosse por todo o carinho, compreensão, apoio incondicional e imenso amor, a todos os minutos, não só do meu lado mas verdadeiramente a meu lado, não teria suportado tudo isso!
Às 14 semanas e 6 dia, já não havia bebé na minha barriga, mas ele também não tinha vindo comigo para casa... Como é que se consegue gerir tudo isso?!?!? Dói, dói tanto... é inimaginável! Dói fisicamente muito, mas que pena que não doa mais e por mais tempo, é que assim era capaz de esquecer por momentos a dor cá dentro...
Passaram quase 3 semanas, e ainda não passou um dia sem que me doesse e sem que chorasse por esta perda, mas há que limpar o rosto, levantar a cabeça e seguir em frente, porque a vida continua e melhores dias virão. Acho que sou uma mulher forte, que é capaz de enfrentar as dificuldades, sem nunca perder o sorriso e sempre acreditando que existe magia em cada esquina. Porque, mesmo ainda não compreendendo o porquê, nada acontece por acaso e Deus nunca nos dá uma cruz maior do que somos capazes de carregar e, Ele coloca-nos sempre pessoas ao lodo para nos apoiar quando ela parece demasiado pesada para suportar.
Apesar deste revés, da toda esta dor, temos saúde, tenho um Homem maravilhoso ao meu lado, tenho uma família que me ama e apoia sempre, tenho bons e verdadeiros amigos que, para além de estarem sempre lá, são capazes de nos dar espaço quando precisamos e tenho a família do meu marido que, mais do que nunca, sei que é minha também.
Portanto, apesar de tanta dor, tudo se ultrapassa e 2014 está a chegar, certamente com momentos muito bons. Apesar de tudo, sou feliz e muito grata por tudo o que tenho!
Pensei se partilharia tudo isto, ou não, mas acho que não devo me esconder, esconder o que passei. Não é nenhuma vergonha, não sou culpada de nada, não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso... Também não sou uma coitada! Sou uma mulher com força, que vai ultrapassar tudo isso e que ainda há de sentir a alegria de maternidade por completo e, o que peço a Deus, é ser capaz de sentir todo o esplendor de uma próxima gravidez, sem medos! Partilho isto convosco para vos mostrar que essas situações acontecem, infelizmente, mas se ultrapassam, com fé, com força e com muito amor, que nunca me faltou, e é assim que agradeço! Obrigada a todos os que estiveram conosco nesta jornada e que espero que venham a partilhar as alegrias que hão de vir. Foi imprescindível todo o vosso apoio!
Que em 2014 esteja reservado para todos nós muita saúde e força para ultrapassar o que houver de ser ultrapassado com alegria e amor. O resto é secundário...
Feliz 2014 para todos!!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pelo seu comentário!