 |
| * |
Segunda, expliquei-lhe que iríamos passar a ir todos os dias para a escola, menos ao fim de semana. Parece que entendeu porque ontem acordou pronto novamente. A ideia para o segundo dia era ficarmos pouco tempo também, mas que eu saísse por momentos para percebermos como seria a sua reação. Esteve sempre bem, mas não tão empolgado como no primeiro dia. Havia menos pais e mais miúdos. Alguns já adaptados.
Vi-o a interagir com alguns meninos, a brincar sozinho e já com alguma confiança no espaço. Ja conhecia "os cantos à casa" e andou à vontade. Quando o vi entretido, falei com a educadora e saí por momentos. Momentos depois (talvez uns 7 minutos, que a mim pareceram horas) espreitei à porta da sala e ele lá estava a chegar, com um ar meio assustado, à minha procura. Diz que esteve entretido a brincar e que, às tantas, começou a andar de um lado para o outro. Como não me viu na sala, foi à procura na porta. Brincamos mais um pouco e voltei a sair. Pouco tempo depois, aparece a educadora com ele ao colo. Tinha já procurado por mim e andava a chamar "mamã" de um lado para o outro (foi bom para ele ganhar confiança na educadora).
Voltamos para a sala, nos despedimos, ele deu a cara para a educadora lhe dar um beijinho e saímos para voltar no dia seguinte.
Hoje acordamos e ele estava novamente empolgado. Chamei-o para escovar os dentes e, assim que disse que era para irmos para a escolinha, veio a correr... Disse "escouinha, bincar, mamã". Foi aí que percebi: ele acha que a escola é um sítio muito giro, onde vai umas horinhas brincar com a mamã...
Hoje estava mais solto e já começou a interagir com alguns coleguinhas. Da primeira vez que saí da sala, quando veio à minha procura, eu estava no corredor. Da segunda vez, assim que percebeu que lá não estava, começou a chorar... e chorou até eu voltar (uns 5 minutinhos, talvez). Depois viemos embora para voltar amanhã...
Volto a estar ansiosa. Ver aqueles meninos, cujos pais se foram embora e deixaram lá os filhos, a chorarem o tempo todo, é de cortar o coração. Imaginar o meu menino assim... é muito, muito custoso! Sei que ele vai acabar por chorar, sei que tem de ser. Sei que se não for hoje será amanhã, se não for esta semana será a próxima ou para o ano que vem... Vai acabar por acontecer e não seria mais que adiar o sofrimento (de ambos), mas fazê-lo de consciência é qualquer coisa de demasiado difícil de enfrentar...
Deve ser tão difícil para as educadoras passarem estes primeiros dias a consolar (ou a tentar consolar) tantas crianças!
Sei que a nossa presença (pais) na sala de aula por tanto tempo e tantos dias acaba por atrapalhar, e muito, o funcionamento das coisas, que aumenta o sofrimento de algumas crianças cujos pais não estão. Sei que dificultamos-lhes a tarefa. E, por isso, agradeço, e muito, a paciência e compreensão que têm connosco, pais em geral, em especial, os pais cujos filhos só agora entram para a creche!
A pedido da educadora, amanhã vou chegar e tentar fazer uma breve despedida e sair de seguida. Vamos ver como corre e se consigo...
Acho que vou ter de recorrer ao J...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigada pelo seu comentário!