domingo, 7 de dezembro de 2014

Eu e as outras mães

Estar com outros bebés, em aniversários cheios de outras crianças, ver mulheres grávidas em todos os lugares por onde passamos e nós continuamos na luta para tentar ter o nosso filho... Como é que isso mexe conosco? Já me colocaram essa questão e é claro que é uma dúvida legítima!
Bom, logo depois da primeira gravidez, menos de uma semana depois de eu perder o bebé, uma prima teve seu segundo filho. Fomos visitá-la uns dias depois e me parecia mais que natural que essa fosse uma situação que mexeria comigo. Ora, eu estava com uma bebé recém-nascida nos braços  e tudo o que eu queria era não ter perdido o meu... Obviamente me emocionei, mas consegui me manter "inteira", porque não era uma questão de inveja ou de raiva porque o outro consegue e eu não, é apenas o fato de me lembrar, de maneira muito intensa, da minha dor, da minha perda...  Essa foi realmente a situação mais dolorosa, até porque era a que a perda era mais recente.
Depois disso houve aqueles nascimentos de bebés previstos para a mesma altura do meu, o que nos remete para uma saudade de quem nunca aqui esteve, uma saudade de sonhos, de expetativas, de um amor imenso que nunca chega a concretizar-se... Acho que o período mais doloroso é, sem dúvida, até à data prevista para o parto porque nós já imaginamos cada dia e cada minuto até lá, porque até àquele dia era suposto estarmos grávidas, estarmos a gerar o nosso amor maior. Depois disso a dor vai se tornando menos intensa, o período de luto vai chegando ao fim e se inicia uma nova primavera, aquele tempo em que temos de colocar tudo em perspetiva e tentar perceber dentro de nós o que se segue, qual o caminho que iremos escolher.
Depois dessa fase temos as amigas que engravidam, as que engravidam novamente, as que são mães, as histórias horríveis de progenitoras (porque isso não é ser mãe)mque não são capazes de amar seus filhos... Todas essas situações se tornam mais intensas para nós. Mas não há um sentimento de inveja ou inferioridade em relação a essas mulheres, há um recordar constante da minha luta, que fica mais presente, mas que não é esquecida por um minuto sequer de cada um dos meus dias... E ao ouvir casos horríveis que, infelizmente, acontecem com uma frequência demasiado alucinante, sinto uma repulsa enooooorme, mas que já o sentia antes! 
Ontem estive no primeiro aniversário da filha de uma amiga, rodeada de crianças. É claro que são momentos que nos recordam mais ainda a nossa vontade de sermos pais, são momentos em que nos recordamos mais da nossa luta mas que, no fim das contas, dá-nos ainda mais vontade de lutar e vencer! Afinal, continuo a adorar crianças e estar rodeada delas. E o carinho que sentimos por uma amiga é extensível automaticamente para os seus filhos. ;o) Parabéns pequena L! Estás cada vez mais linda!

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