Sou daquelas pessoas que fala naturalmente e sem problemas de todos, ou quase todos, os assuntos. Como certamente perceberam, já que nunca tive problemas em abordar o tema das perdas gestacionais ou da translocação cromossomica. Não acho que tenhamos de nos esconder ou envergonhar. Respeito quem não queira falar de certos assuntos, mas isso só valoriza o problema dentro de nós, já que não o tratamos com naturalidade.
Sou daquelas que acredita que a maternidade é absolutamente maravilhosa, mas tem inúmeros inconvenientes, é cansativo, e há momentos em que só nos apetece fugir... Ainda não tive vontade, mas sei que esse dia vai chegar! ;o) E não vejo o porquê de escondermos, não falarmos das coisas menos boas, já que não é por haver coisas menos boas que não gostemos de ser mães. Como na vida e como todas as pessoas, nada é perfeito e é por haver essas coisas menos boas que valorizamos as coisas mais simples. Não se fala naturalmente das dificuldades e não se assume, de uma vez por todas, que há coisas menos positivas, desconfortáveis e mesmo difíceis, mas que fazem parte, é assim mesmo... E quem o faz, por vezes até com humor à mistura, é criticado como sendo a pior mãe/mulher ao cimo da terra... Acredito que também se deva à educação que tive. Somos 4 filhos e, como devem imaginar, não é tarefa fácil para nenhuma mãe (pai)... Cresci ouvindo minha mãe dizer que "ser mãe é padecer no paraíso"... Portanto, nunca imaginei que fosse perfeito e sempre soube que há dificuldades. Acho que se encararmos as coisas dessa forma, tudo se torna mais fácil!
Assistimos a uma ditadura da perfeição, em que a mulher deve ser mãe, amante, amiga, bonita e perfumada, dona de casa e profissional e ainda tem de ser perfeita em todas as vertentes. Mas o mais incrível é que as críticas vem de outras mulheres, que há uma política de "dividir para reinar" ao invés de "a união faz a força"...
Temos de amadurecer enquanto sociedade, sermos menos críticas e apoiarmo-nos mais umas às outras porque todas nós temos obstáculos, momentos mais difíceis e situações mais trabalhosas. Será muito mais fácil se dermos dicas de como as conseguimos ultrapassar nos nossos casos específicos do que criticarmos, acharmos que conosco não aconteceu (quando não é de todo verdade) e acharmos que temos métodos infalíveis para tudo, tal ditadoras da verdade. Cada caso é um caso, cada mãe é uma mulher e cada bebé é diferente. Não podemos achar que o que resultou comigo tem de resultar obrigatoriamente com a vizinha do lado! E acho que tudo seria mais fácil se criticássemos menos e apoiássemos mais!
A única certeza que tenho é que nada é certo e não há ninguém dono da verdade!
Já estou a ensiná-lo a encarar a vida de forma leve e despreocupada:
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